O terceiro fato que dava base para o pedido de afastamento eram as chamadas pedaladas fiscais, as quais, de acordo com a acusação, eram manobras contábeis do governo federal, com intuito de retratar um cenário onde o governo arrecadava mais do que gastava. Contudo, na realidade, essas informações não eram verídicas, pois os gastos do governo federal eram superiores às receitas arrecadadas através dos tributos.
O TCU verificou que os programas sociais pagos pelos bancos públicos (como o Bolsa Família, por exemplo) não estavam sendo ressarcidos no tempo devido aos bancos pelo governo federal, tornando a União devedora desses bancos, caracterizando, assim, uma operação de empréstimo. Os atrasos nos rees aos bancos públicos somaram cerca de 40 bilhões de reais apenas no primeiro semestre de 2015. Essa conduta fere a Lei de Responsabilidade Fiscal, pois o artigo 36 da Lei 101/200 proíbe a concessão de empréstimo pelos bancos públicos à União. Além disso, o governo possuía despesas não honradas superiores aos valores arrecadados, e essas despesas não foram contabilizadas caracterizando, assim, uma “maquiagem” nas contas públicas. Assim, esse comportamento descreve as denominadas pedaladas fiscais.
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Embora no pedido de impeachment constassem três hipóteses de crimes de responsabilidade; que eram (1) envolvimento no escândalo do Petrolão; (2) aumento de créditos suplementares bilionários, sem a autorização do Congresso Nacional; e (3) as pedaladas fiscais, o presidente da Câmara não considerou a primeira acusação, mas determinou a abertura do processo de impeachment em relação aos outros dois pontos. Após o andamento de todo o processo, onde foi assegurada a ampla defesa à ex-presidente, os senadores votaram favoravelmente à condenação de Dilma Rousseff pelos crimes de responsabilidade.
O oferecimento de pedidos de impeachment contra presidentes da República é muito comum. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teve contra si 24 pedidos de impeachment apresentados; o ex-presidente Lula, 37 pedidos; a ex-presidente Dilma Rousseff teve 68 pedidos; e o ex-presidente Michel Temer, 31 pedidos. Além disso, já foram apresentados mais de 150 pedidos contra o presidente Jair Bolsonaro.