O desafio macroeconômico consiste em manter a taxa de juros e a dívida pública sob controle. Uma elevação da taxa de juros esperada no longo prazo prejudicaria o esforço de retomada econômica e a atração de investimentos privados. Gastar bilhões sem se preocupar com a percepção do risco fiscal pelo mercado seria repetir erros do ado.

O desafio microeconômico é ainda mais difícil. O economista Claudio Ferraz aponta, por exemplo, os incentivos políticos para que governadores e prefeitos desviem para outros fins as verbas destinadas à infraestrutura.

A dificuldade de fazer projetos executivos críveis para obras de infraestrutura é um problema recorrente no Brasil. De acordo com um levantamento do TCU, 70% das obras paradas estão nesta situação por erros técnicos ou desistência da empresa responsável. Como as obras do Pró-Brasil pretendem lidar com essa questão? Eis uma resposta que ainda não conhecemos.

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Não faltam oportunidades para estimular a economia através de obras públicas. O saneamento público brasileiro é uma lástima e investimentos nesta área certamente trariam ótimo retorno social. Idem para o transporte de cargas e pessoas – da mobilidade urbana às ferrovias, sobram projetos com bom potencial.

O Estado brasileiro é capaz de planejar investimentos em infraestrutura com bons projetos, alto retorno, capacidade de estimular a economia e concluir as obras no prazo previsto? Certamente esta é uma possibilidade, mas não se trata do cenário mais provável.

Dada a história recente do país, afirmar que o Pró-Brasil será exitoso é como afirmar que há Emmanuel Macron e Angela Merkel estão sambando na porta da sua casa enquanto você lê este texto: não é fisicamente impossível que isso esteja ocorrendo, mas você sabe que é improvável porque eles jamais sambaram na frente da sua casa anteriormente. Alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias.

Para convencer alguém de que o Pró-Brasil será diferente de outros projetos que já fracassaram com as mesmas intenções – como o PAC –, o governo precisa apresentar evidências extraordinárias. Os 7 slides apresentados por Braga Netto na semana ada representam, se muito, politicagens ordinárias, platitudes que sempre estiveram presentes nos discursos de Brasília.

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