Esse é o país de Felipe Neto. Um mega youtuber com mais de quarenta milhões de inscritos em seu canal, e que faz vídeos com centenas de milhares – não raro, milhões – de visualizações, cujos conteúdos nos fazem perder neurônios de tão infantiloides, mas que foi alçado, por ser um opinador inveterado, a sumidade intelectual, digno de ser entrevistado no programa que outrora teve sua cadeira central ocupada por gênios como Grande Otelo, políticos como Luís Carlos Prestes e Roberto Campos, sociólogos como Domenico de Masi, filósofas como Camille Paglia... enfim um programa sério. Não que Felipe Neto, que afirmou, dentre outros absurdos, que Machado de Assis – um dos únicos autores capazes de nos fazer entender tipos como Felipe Neto – não deveria ser lido por adolescentes, não possa dar suas opiniões na internet, afinal de contas, é exatamente isso que defendo nesse artigo. Mas daí levá-lo à ONU e condecorá-lo pelo seu suposto combate a notícias falsas quando, ele próprio, já foi condenado, recentemente, por espalhar notícias falsas, é um retrato de que esse país, comandado por Alexandre de Moraes, vai mal, muito mal, e não por causa do Monark.