De fato, o plano ucraniano contém demandas que são o mínimo do mínimo em um caso como esse. Aceitar que a Rússia saia dessa com um quilômetro quadrado que seja de território ucraniano é dizer que a brutalidade compensa. Abandonar as crianças ucranianas separadas de suas famílias e deportadas é uma crueldade sem tamanho. Mas existe uma hierarquia nos dez pontos de Zelensky que vai do essencial ao negociável. Se o Vaticano tem um plano e, em caso positivo, o quanto esse plano coincide com o da Ucrânia, isso o papa soube guardar direitinho. n5273
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Por ora, parece que ninguém anda interessado no que o Vaticano tem a propor – convenhamos, por mais que Francisco tivesse razão em chamar de “coroinhas de Putin” os clérigos ortodoxos russos favoráveis à invasão, não é bem o tipo de declaração que ajuda a amansar um dos lados envolvidos na guerra. Mas, no Crux, John Allen Jr. lembra que Bento XV também foi ignorado quando propôs sete pontos para encerrar a Primeira Guerra Mundial, embora seis meses depois parte de suas ideias tivessem sido incorporadas no plano do presidente norte-americano Woodrow Wilson, e no fim os esforços do papa acabaram reconhecidos e elevaram o status da diplomacia vaticana. Se Francisco conseguir algo parecido, já terá valido a iniciativa.
O colunista volta em 20 de junho. Até lá, se o leitor quiser, pode se entreter com a coletânea de entrevistas A razão diante do enigma da existência, que reúne quase 30 entrevistas feitas para o outro espaço que tenho aqui na Gazeta do Povo, a coluna sobre ciência e fé Tubo de Ensaio, que em 2023 completa 15 anos. O livro também está disponível na Amazon.