E aqui é necessário dizer: esse novo Bolsonaro, que articula com Ciro Nogueira, que recebe elogios de Renan Calheiros, que está obcecado com um programa social para chamar de seu e que agora viaja entregando obras e acena ao desenvolvimentismo, é o velho Bolsonaro.  O Bolsonaro do baixo clero do Congresso, que se notabilizou pela defesa dos privilégios das categorias militares e pelas posições alinhadas ao pensamento estatizante da esquerda petista.

A construção do Bolsonaro liberal que combateria o establishment por meio da institucionalização do lavajatismo não a de uma falsificação grosseira que foi construída em cima do clima de antipetismo.  A prioridade, o compromisso primeiro de Bolsonaro, repetido em verso e prosa, não é com o que se pretende chamar de conservadorismo, muito menos com a suposta luta contra o Foro de São Paulo, e sim com a preservação de sua família e de seu mandato.

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Por que Kassio Nunes?

Ao deixar de lado a nomeação de alguém “terrivelmente evangélico” ou “terrivelmente de direita” para o STF, o presidente consolida a nova fase do governo. Seu escolhido apara as arestas dos conflitos anteriores com a corte, sinaliza a pacificação definitiva com a recém criada base no Congresso e também gera segurança jurídica, visto o manifesto garantismo do indicado.

Afastada a possibilidade de impeachment  e com a popularidade em franca ascensão junto aos setores mais carentes da população, Bolsonaro, que caminhava para o abreviamento do mandato, agora tem claríssimas chances de reeleição. É por isso que ele não disse mais uma palavra em favor de seus militantes mais radicais, sejam aqueles em prisão domiciliar ou dramatizando exílio no exterior. Não tem tempo a perder com as lágrimas de amor traído da Sara Winter. O presidente prefere tomar tubaína com Kassio Nunes Marques.