Um exemplo real e concreto de ação investigativa é o da organização Voters Integrity Project, comandada por Matt Braynard, com foco nos dados eleitorais da Carolina do Norte. A VIP tem investigado dezenas de milhares de casos de solicitação de absentee ballot –que nada mais é do que uma cédula eleitoral para quem não poderá votar pessoalmente no dia da eleição, mas deseja enviar suas escolhas pelo correio – por pessoas que não poderiam fazê-lo. Vou chamar esse grupo de pessoas de Grupo 1, e ele compreende:
Muitas equipes de analistas, matemáticos, estatísticos e cientistas de dados têm levantado provas materiais de fraude em todos os estados onde há testemunhos de anormalidades e irregularidades na votação ou na apuração
Além desses casos, foram também identificadas as seguintes situações, envolvendo o que chamarei de Grupo 2:
Essa investigação foi baseada na coleta de informações de quatro fontes diretas: da base de dados eleitorais estadual, de telefonemas para eleitores que constam nessa base como solicitantes de absentee ballot, de registros públicos de falecimento e do Cadastro Nacional de Mudança de Endereço (National Change of Address, NCOA). Por meio do cruzamento de dados dessas fontes, a equipe do VIP montou uma grande matriz de irregularidades e fraudes, composta de dois tipos de evidências: 1. Provas materiais da solicitação ilegal de absentee ballots por pessoas do Grupo 1 e, em muitos casos, do recebimento e contagem desses votos na apuração oficial; e 2. Depoimentos juramentados de pessoas do Grupo 2 afirmando que jamais solicitaram um absentee ballot, ou que solicitaram, mas jamais o retornaram, ou ainda que solicitaram e retornaram, mas nunca receberam confirmação (em outras palavras, seus votos não foram contados).
Essa iniciativa é provavelmente uma das mais sérias e bem executadas de todas as que tive notícia, produzindo uma quantidade massiva de evidências reais e issíveis perante um tribunal.
Assim como a VIP, muitas outras equipes de analistas, matemáticos, estatísticos e cientistas de dados têm levantado provas materiais de fraude em todos os estados onde há testemunhos de anormalidades e irregularidades tanto no processo de votação como no de apuração. São os casos de pessoas que chegam para votar e veem a mensagem “você já votou” nas urnas eletrônicas, de fiscais de partido que são impedidos de fiscalizar, de apurações paralisadas no meio da madrugada e cujos resultados após a paralisação não respeitam nenhuma propriedade estatística, de porcentagens de comparecimento totalmente fora dos padrões históricos, e muitas outras ocorrências.
A pergunta a ser respondida é: será possível colocar essa quantidade monstruosa de dados diante de juízes federais antes que os delegados do Colégio Eleitoral se reúnam para votar e, somente então, determinem quem será o presidente dos Estados Unidos a partir de 2021? O tempo é escasso, mas as possibilidades são muitas. A equipe do Donald Trump tem mostrado um otimismo e uma disposição inédita nesse confronto com a mídia. O Partido Republicano também, fazendo sua parte nos estados, mantendo um caminho para a vitória de Trump que, embora improvável, continua possível. Tivessem os democratas se posicionado a favor de um processo amplo de auditoria e certificação das eleições, não ficaria no ar o cheiro de fraude. Mas a posição beligerante que têm assumido só dá força ao sentimento de que o resultado não reflete a vontade da população.
Seja qual for o desfecho, os dias serão de tensão até 20 de janeiro de 2021. Até mesmo a possibilidade bizarra de o país ter dois presidentes em algum momento tem sido levantada por alguns analistas, tamanha é a incerteza. Considerando que estamos em 2020, não poderia ser diferente.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos