Faltam agora os outros dois estados da região Sudeste. O placar da região deu 4 a 2, vitória do marco temporal. Quem fez companhia a Romário foi Contarato, petista do Espírito Santo, e os quatro votos são dois de Minas e dois do Espírito Santo. Como Rodrigo Pacheco relatava, não votou. Todos os senadores de Minas que puderam votar em favor do marco, votaram. Creio que o Espírito Santo, de todos os estados federativos, seja o único em que as diferenças eleitoreiras tenham feito sentido: dois bolsonaristas votaram a favor do marco (Magno Malta e Marcos do Val) e o petista votou contra. Só. No resto não é possível delinear diferenças nítidas entre bolsonaristas e petistas: há poucos petistas no Senado, e os bolsonaristas (a começar pelo próprio primogênito do ex-presidente) não manifestaram coesão na votação. Antipetistas avulsos, tais como Plínio Valério (AM), Moro (PR), Girão (CE) e Soraya Thronicke (GO) mostraram mais firmeza nessa votação do que os principais senadores do bolsonarismo.
Em todas as regiões, o marco temporal venceu. No Sudeste por 4 a 2; no Nordeste, por 14 a 13; no Sul, 6 a 1; no Centro-Oeste, por 9 a 1; no Norte, por 11 a 4. Assim, no somatório, as duas regiões de agronegócio forte (Centro-Oeste e Sul) e a região mais atacada pelo ambientalismo deram as maiores diferenças. O placar nacional foi de 43 a 21, uma lavada.
Na normalidade democrática, o marco temporal jamais deveria ir a votação; o Senado (e menos ainda o STF) não deveria ter o poder de, virtualmente, permitir o roubo da propriedade privada por invasores organizados. Porque é disto que trata a derrubada do marco temporal: a permissão da invasão por grupos políticos organizados, já que todos sabemos (e o senador Plínio Valério tem batido muito nessa tecla na I das ONGs) que há uma pressão pela inflação de índios no censo. Quem quiser virar massa de manobra de ONG e de “movimentos sociais” como o MST pode ser facilmente reconhecido como índio ou quilombola, e ter assim não só licença, como estímulos para invadir. É um jeito de levar o país a uma guerra civil e, por conseguinte, a um despovoamento.
O fim do marco temporal seria, na expressão de Lorenzo Carrasco (veja aqui mesmo, nesta Gazeta), a “africanização do Brasil”. Esse projeto não vem da China nem da Rússia, mas das elites ocidentais. Lembro que Tabata Amaral defende expressamente que Ruanda (Ruanda!) é um modelo exemplar no qual o Brasil deveria se inspirar, inclusive pela baixa participação política da diminuta população masculina sobrevivente do genocídio, e ela aprendeu isso em Harvard. Lembro também que uma figura como Eduardo Moreira, ligada ao MST e a Felipe Neto, não se tornou relevante por meio da China ou da Rússia, mas pela Rainha da Inglaterra, esposa do fundador da ONG malthusiana WWF, que não é russa nem chinesa. Só as viúvas de Olavo de Carvalho ficam semeando a histeria anti-russa e a subserviência aos EUA, a despeito de a análise da conjuntura internacional feita por Olavo (registrada em debate com Dugin) ter se revelado um fiasco com o ar dos anos.
Outra coisa que se vê por aí é que o Brasil é muito mais complexo do que pretendem os simplórios do separatismo. Os ex-territórios do Norte são muito mais sólidos na defesa de uma pauta “bolsonarista” do que Rio e São Paulo. Se o Nordeste fosse tão petista quanto se imagina, teria dado os 27 votos para derrubar o marco, mas o Nordeste votou com o resto do Brasil.
Disso tudo, uma coisa é certa: de Norte a Sul, os políticos do Brasil estão insatisfeitos com a política do Supremo.
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Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima