A médica compara a atual etapa das pesquisas como a Annita à situação da hidroxicloroquina. “Agora não mais, porque já há estudos mostrando a ineficácia da hidroxicloroquina em humanos, mas a situação é a mesma, só há resultados in vitro, não há ensaios clínicos. A diferença é que essa droga já foi pesquisada para influenza e para Mers, a doença causada pelo outro coronavírus, e reduziu a atividade viral. Isso que gerou essa hipótese”, explica.
Hospital de referência para a Covid-19 em Curitiba, o Hospital do Trabalhador também vem realizando ensaios clínicos para a hidroxicloroquina. A chefe da UTI do hospital frisa, no entanto, que apenas os pacientes envolvidos na pesquisa estão recebendo a medicação, mesmo após o novo protocolo do Ministério da Saúde, recomendando a prescrição da droga. “Não estamos usando e nunca usamos hidroxicloroquina para o tratamento de nossos pacientes, apenas em protocolo de pesquisa”.
Mirella Oliveira classificou como desastroso o novo protocolo do Ministério da Saúde. “Era compreensível, lá atrás, quando começou a pandemia, quando o mundo estava procurando um tratamento, que se utilizasse uma medicação com bons resultados in vitro. Mas hoje não é mais aceitável, porque já tem vários estudos mostrando que não houve nenhuma diferença fazer ou não fazer hidroxicloroquina e, além disso, há estudos mostrando efeitos colaterais graves e, até aumento do tempo de ventilação mecânica para alguns pacientes”, critica.
“O protocolo é desastroso porque pega uma droga sem nenhuma eficácia comprovada e, além de indicar para pacientes graves, em caso desesperador, estendem para casos leves e moderados, podendo agravar a situação desses pacientes”, diz. Para ela, apesar de não obrigar que médicos e serviços de saúde utilizem a hidroxicloroquina o protocolo fará com que muitos hospitais a adotem. “Principalmente em locais mais afastados, distantes de uma referência acadêmica, por exemplo”.
VEJA TAMBÉM: