Também não faz sentido outro argumento utilizado pelos defensores da ampliação do fundo, o de que eleições para prefeitos e vereadores têm muito mais candidatos. Numericamente, isto é um fato: segundo dados da Justiça Eleitoral, em 2018 houve 26.085 candidatos a presidente da República, vice-presidente, governador, vice-governador, senador, suplente de senador, deputado federal, deputado estadual e deputado distrital. Em 2016, os candidatos a prefeito, vice e vereadores foram 469.165 – ou seja, 18 vezes mais candidatos. No entanto, campanhas municipais são infinitamente mais baratas que campanhas estaduais ou nacionais. Ninguém precisa sair dos confins do próprio município à busca de votos, e a maioria das cidades nem tem horário eleitoral na televisão. Além disso, as eleições de 2018 mostraram que é possível conduzir campanhas bem-sucedidas sem usar um centavo de fundos públicos.

O texto definitivo de Domingos Neto deve ar por mais uma votação em comissão e, em 17 de dezembro, será votado pelo plenário do Congresso. Com o apoio formal de legendas que, somadas, correspondem a 80% dos parlamentares, é praticamente impossível que o Congresso desista de tamanho absurdo, deixando para o presidente Jair Bolsonaro – ele mesmo um caso de campanha vitoriosa sem uso do fundo eleitoral – a responsabilidade de frear o que já seria um abuso inaceitável em tempos de prosperidade, mas que se torna ainda mais grave pelo momento complicado que o país vive na economia.

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