Nesse aspecto, todos temos potenciais conflitos de interesse. Se tenho filhos em idade escolar, quero que o ensino seja presencial. Se minha atividade econômica depende de atendimentos pessoais, sou a favor de liberar geral, com medidas sanitárias. Se não, sou a favor de limitações, ainda que parciais. Se tenho interesse em algum esporte, ele deveria ser liberado porque não representa riscos. Se abre ou se fecha. Se aumenta leitos ou se diminui. E assim por diante.

Ouso dizer que, ao fim de tudo – sim, porque um dia, que não se sabe quando, isso vai acabar –, tudo será ado e história. Os que viverem perceberão que todos insistirão em suas teorias, desde a mais radical até a mais moderada. Os que defendem uma ideia persistirão na sua fé. Os céticos ainda resistirão às lavagens de mãos obrigatórias, por óbvio que possa parecer. Provavelmente as vacinas cumprirão seu papel, ainda que sem a adesão de todos e sem as certezas absolutas.

Não haverá consenso agora e nem futuramente. O aprendizado será a tolerância, porque teremos, muito perto de nós, quem defenda exatamente o contrário da nossa crença. As aulas e o trabalho serão híbridos, como são alguns motores de automóveis. E conviverão com a tradição, com discrição e sem debates ou discriminação. Simplesmente porque para cada situação há um melhor. E as polêmicas, outrora de grandes paixões e argumentações, sobreviverão e serão atenuadas pelo esquecimento. Vez ou outra renascerão nas mídias.

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Essa é a vista do meu ponto – que, como disse, é muito minha e de mais ninguém.

Roberto Issamu Yosida é presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná.

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