“Os chefes do Estado-Maior da Defesa e a sua equipe têm trabalhado incansavelmente na elaboração de um plano de operações para uma possível intervenção militar na República do Níger, a fim de restabelecer a ordem constitucional e garantir a libertação do presidente detido”, declarou nesta sexta-feira (4) Abdel-Fatau Musah, comissário de Assuntos Políticos, Paz e Segurança da Cedeao. 1t1nh
Na noite desta quinta-feira (3), a junta que liderou o golpe revogou cinco acordos de cooperação militar com a França, que mantinha soldados no Níger para combater grupos islâmicos insurgentes. A França rejeitou a decisão da junta do Níger, enfatizando que apenas a liderança "legítima" do país tem o direito de revogar acordos militares bilaterais.
O Níger também suspendeu as transmissões dos meios de comunicação internacionais financiados pelo Estado francês, 24 e RFI.
A crise no Níger tem gerado um forte sentimento anti-francês na região, enquanto a presença russa, em grande parte por meio do grupo mercenário Wagner, tem aumentado. Bazoum alertou que a influência russa, representada pelo grupo Wagner, poderia se expandir na região do Sahel, com graves repercussões.
O país, que desempenhou um papel importante nas estratégias ocidentais para combater a insurgência jihadista no Sahel, está enfrentando uma crescente instabilidade política, com líderes do golpe desafiando tanto os ex-apoiadores ocidentais quanto a Cedeao.
Em um artigo para o jornal americano The Washington Post, publicado nesta quinta-feira, o presidente deposto, Mohamed Bazoum, fez um apelo ao governo dos Estados Unidos e à comunidade internacional para ajudar a “restaurar a ordem constitucional” no país.
Bazoum afirmou que os vizinhos do Níger estão cada vez mais convidando os “criminosos mercenários russos, como o grupo Wagner, às custas dos direitos e da dignidade de seu povo”.
Com a situação no Níger se deteriorando rapidamente, a possibilidade de uma intervenção militar estrangeira se torna extremamente provável. O Níger se juntou ao Mali, Guiné-Conakri e Burkina Faso como o quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar nos últimos anos.