Para especialistas, a direita, além de numerosa, está mais unida  3l6a45

Mais otimista, Mário Sérgio Lepre, docente da PUC do Paraná, acredita que o perfil do direitista brasileiro está mudando. 1b4m1i

“Tem muito mais informação circulando, principalmente de celular para celular. Isso tende a diminuir a inclinação ao fisiologismo político.”

Outra transformação da sociedade, segundo ele, pode ser exemplificada pela recente rejeição dos motoristas de aplicativo à possibilidade de se tornarem empregados.

“O caso do Uber mostra que tem muita gente querendo se fazer por si própria, sem a dependência estatal.”

Mas Graci, mesmo cético, aponta um trunfo da direita brasileira atual – ela não é apenas mais numerosa, também está mais unida.

“Há um senso de urgência, até mesmo pelas ameaças do STF, que faz os direitistas se juntarem para sobreviverem.”

A esquerda, por outro lado, encontra-se dividida entre os progressistas/woke e os socialistas tradicionais, que ainda pensam o mundo a partir da luta de classes.

Além disso, diz o cientista político, a direita finalmente iniciou uma cruzada cultural a longo prazo, por meio de editoras, institutos, think tanks, canais do YouTube, eventos, etc.

“Durante muitos anos, os conservadores foram ingênuos. Acharam que o brasileiro era um ‘bom cidadão’ e tudo daria certo. Enquanto a esquerda, especialmente durante o regime militar, construiu um diálogo com as escolas, os artistas, a televisão.”

Cientistas políticos indicam os caminhos da direita e da esquerda na eleição deste ano  4d5e3z

Na avaliação de Lucas Grassi, a pesquisa do Ipec tem um foco bem definido: o marketing político.

Sendo assim, como deve ser a estratégia da esquerda e da direita nas eleições municipais deste ano – e com vistas na disputa de 2026?

“Os dois campos terão de basear sua comunicação, de forma genuína ou fingida, na fatia intermediária da população. O eleitor mediano ainda é o rei”, afirma.

Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, também aponta para o centro – onde, principalmente a esquerda, deve investir com mais ênfase.

“Os anos de governo Bolsonaro fortaleceram o campo da direita e isso pode ser empiricamente verificado nos números do Ipec.  O ‘recado’ mais claro desse levantamento é que o governo deve buscar apoio e melhor avaliação naqueles que se colocam no centro, com 20% dos entrevistados”, diz.

Outra tática da esquerda, segundo Cláudio Preza, será apostar na sua pauta econômica clássica, calcada no desenvolvimentismo. E jamais endossar “de peito aberto” as reivindicações identitárias.

“A gente só vai ver isso acontecer, a partir de agora, se houver um evento trágico para a sociedade. Um caso de pessoa agredida ou morta. Só se for uma situação que vá contra os direitos fundamentais do indivíduo”, afirma.

Já a direita, de acordo com Mário Sérgio Lepre, deve partir para o corpo a corpo – o chamado “trabalho de base”.

“Os parlamentares precisam conversar mais com os prefeitos, ear pelos estados. É importante visitar os municípios menores e conversar diretamente com os eleitores sobre a situação dos hospitais, das escolas.”

De acordo com Rodrigo Prando, o caminho, pelo menos neste momento, parece estar mais fácil para os direitistas.

Acima de tudo por causa de sua comunicação com a população, marcada por uma efetividade maior.

Por essas e outras, ele acredita que uma pergunta talvez deva ser feita desde já: “Quem será o herdeiro do espólio eleitoral de Bolsonaro na próxima eleição presidencial?”.

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