Costin defende não apenas o turno e contraturno, apenas com aulas de esporte e artes, que também são importantes. “É o conceito da escola integral mesmo, necessária especialmente para as crianças em situação de vulnerabilidade”, diz. Para ela, escola em tempo integral é reforço na aprendizagem, similar às aulas particulares aos quais alunos da classe média e alta têm o. E, também, aulas de inglês e espanhol. 471013

“A criança que não aprende inglês vai ter dificuldade de se inserir no mundo globalizado. E espanhol é muito importante, especialmente no Paraná que está em região de fronteira. Saber inglês e espanhol é relevante. Se queremos gerar igualdade de oportunidades, temos que ter ensino integral”, insiste.

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Em todo o Paraná, de acordo com dados da Secretaria da Educação, 200 das 2 mil escolas da rede pública das séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio funcionam em período integral.

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Escolas cívico-militares e ensino profissionalizante 43i4n

Zablonsky, professor da PUR, questiona o objetivo das escolas cívico-militares. “É necessário entender por que o governo fez essa opção. Tem outras formas e processos, sem a necessidade de aplicar esse método de disciplina, que resgata o período do regime militar”, opina. “É preciso ter cuidado e compreensão com a autonomia dos jovens”, pontua. Quanto ao novo Ensino Médio, que começou neste ano para reforçar o ensino profissionalizante, Zablonsky diz que “é uma precariedade”.

De acordo com ele, não há salas de aula para aplicação prática com professores especializados, muita coisa é de forma virtual - estão se apropriando de videoaulas - e deixa a desejar. Zablonsky defende que isso poderia ter sido feito de outra forma elembra que existe a estrutura do Sistema S, como Senac e Senai, que cumprem essa função. “O Ensino Médio deveria ser mais generalista. Como está posto, precariza a situação do aluno que tem também interesse em um bom resultado no Enem e tem intenção de estudar numa universidade pública por meio do Sisu [Sistema de Seleção Unificada]”, observa.

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Já o professor João Batista Oliveira diz que é fundamental refletir sobre essa questão. “O mercado está dizendo que quem fizer um ensino técnico bem feito, e completar, vai ter uma taxa de retorno significativamente maior do que quem fizer só o Ensino Médio, ou se começar e não terminar o superior”, pontua. Para ele, a rede de escolas técnicas é pequena e precisa ser inclusive ampliada.

Relação com trabalhadores da educação 6n3s2d

A pesquisadora da UFPR Andrea Barbosa chama a atenção para a relação desgastada entre o governo do Estado e os trabalhadores da educação. Para ela, resgatar esse relacionamento é um outro desafio para a gestão 2023-2026. “Há um quadro qualificado de profissionais e existe um plano de carreira, que foi abandonado pelo atual governo”, comenta. Segundo ela, além da suposta desconsideração do plano de carreira, o abuso na contratação de temporários e a falta de concurso público nos últimos anos não são bons sinais por parte do governo.

Recentemente, o governo do Paraná sinalizou com mudanças para a categoria. Desde o início do ano um novo plano de carreira para os professores estaduais está em vigor. A medida garantiu aumento escalonado, com porcentual mais expressivo para os docentes em início de carreira. A principal crítica da categoria ao projeto, porém, foi o fato de o aumento de 48,7% no piso ter sido baseado em gratificações e não em reajuste no salário-base.

Em meio aos questionamentos, o governo destacou na época que o cenário exigia cautela nas definições envolvendo o orçamento, mas que o reajuste estadual foi maior do que o nacional. Defendeu ainda que o novo plano é apenas um "ponto de partida" e que seguem sendo estudadas novas formas de remuneração.

A estrutura precária de algumas escolas também é fator preocupante, na opinião da pesquisadora. “Não somos um estado pobre, temos condições econômicas, não faz sentido ter escolas funcionando sem estrutura, sem material. Há escolas muito bem estruturadas, mas há outras precárias. É preciso um programa que garanta uma infraestrutura adequada a todas as escolas”, defende.

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