Gomyde explicou que uma das propostas é segurar uma tarifa de pedágio de apenas R$ 5,00, para manutenção e conservação das vias. “Nós não podemos regredir à fase anterior, das estradas esburacadas. Então eu acho que tem que ter pedágio. Mas ele [Ratinho Junior] não licitou no momento que tinha que licitar. Varreu para debaixo do tapete. Hoje [o processo de licitação] está na ANTT, no TCU, e vai ser feito em março de 2023, longe dos holofotes das eleições e do controle do povo. Fora isso, hoje nossas rodovias estão sem manutenção adequada, e as praças de pedágio degradadas, que já causaram acidentes. Ficam como um monumento à inércia do governo do Paraná”, reforçou ele.
O candidato do PDT reconhece, contudo, que o valor de R$ 5,00 não consegue contemplar as melhorias nas estradas, e que estão previstas na licitação futura. “Os estudos das novas concessões rodoviárias já indicam valores entre R$ 12 e R$ 14 a cada 100 quilômetros rodados. Valores que consideram as obras necessárias, como duplicações, terceiras faixas, viadutos, contornos”, pontuaram os jornalistas. Gomyde justifica que as melhorias serão feitas “fora da tarifa”: ele cita o próprio orçamento estadual como fonte de recursos, mas ite que será necessário “atrair investimentos”.
“A missão de governador é institucional. Você não se elege governador atrelado a um candidato a presidente da República. O paranaense espera que o nosso governador, qualquer que seja o presidente, vá lá e exija respeito ao Paraná, faça as parcerias necessárias. Para isso, tem que ter civilidade também. Eu tenho uma história no movimento social, no parlamento, acho que consigo fazer isso, atrair investimento”, disse ele, em referência a um recente anúncio da campanha petista, no qual Requião sustenta que já fez um acordo com o presidenciável Lula para garantir apenas a tarifa de manutenção, interrompendo o processo em andamento na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e no TCU (Tribunal de Contas da União).
Ainda sobre o orçamento, Gomyde alega que acredita na melhoria da arrecadação, a partir de medidas como, por exemplo, a revisão de renúncias fiscais concedidas, hoje em torno de R$ 17 bilhões/ano. Para ele, trata-se de um valor “escandaloso”: “Estão abrindo mão de receita dos paranaenses, sem transparência e aos montes. Não acho que renúncia fiscal seja um erro, mas Paraná faz muito e faz errado. Eu acho que ela tem que ser bem trabalhada. Renúncia fiscal para micro e pequena empresa é salutar, porque você troca imposto por emprego. E outra: estas empresas não podem vir para cá, deixar de pagar imposto, sem dar uma contrapartida social para o estado. Quer ter o ao benefício fiscal? Vai ter que se comprometer com o salário mínimo regional”.
Estão abrindo mão de receita dos paranaenses, sem transparência e aos montes. Não acho que renúncia fiscal seja um erro, mas Paraná faz muito e faz errado
Ricardo Gomyde (PDT), candidato ao governo do Paraná
Gomyde também falou sobre a área de infraestrutura. Reforçou a necessidade de tirar a obra da Ferroeste do papel – “eu quero a Ferroeste funcionando, não me importa se ela é pública ou privada” – e defendeu que o Porto de Paranaguá faça investimentos no Litoral, ao comparar a atuação da Itaipu em relação a Foz do Iguaçu e municípios da região.
Também defendeu a ampliação do subsídio estadual ao transporte coletivo, hoje à capital e região. “O transporte coletivo da região de Curitiba é subsidiado para que a tarifa não exploda, mas como justificar a falta de subsídio para região de Londrina, Maringá, Cascavel, Foz? Tem que expandir”, propôs ele.
Ao falar sobre o quadro de violência contra a mulher, Gomyde aproveitou para destacar que não há mulheres no primeiro escalão do governo Ratinho e que, se eleito, a ideia é nomear mulheres para ao menos 50% dos principais cargos da estrutura istrativa. “Um dado constrangedor para o Paraná, chocante, é o fato de o governo do estado não ter mulheres. É um governo de homens. Será mesmo que, entre todas as secretarias, não havia uma mulher qualificada para preencher um cargo de primeiro escalão? Mesmo se considerar a PGE [Procuradoria-Geral do Estado], ainda assim, uma mulher apenas?”, criticou o candidato do PDT. “Pega a foto da reunião do secretariado. Não tem paralelo em nenhuma unidade da federação. Não tem paralelo em nenhuma prefeitura de capital. Acho que não tem paralelo no mundo. É um quadro que envergonha o Paraná”, reforçou ele.
Gomyde também aproveitou o gancho do piso nacional da enfermagem, barrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para criticar a atuação da Corte. Segundo ele, o STF agiu de maneira errada e não pode se tornar uma “Casa revisora” dos demais Poderes. “Há muita gente na esquerda, por exemplo, que comemora quando o STF extrapola suas funções para constranger alguém que está no outro campo. Mas não vê que isso, na verdade, agride as instituições. E quando agride as instituições, não me interessa se ela é a meu favor ou contra, a regra é uma só. E não acho que o STF tenha que fazer o papel revisor da Câmara ou do Executivo. No caso do piso nacional da categoria, foi um erro crasso. Vamos esperar que isso se resolva logo para eles receberem o piso tal qual foi aprovado no Congresso”, defendeu ele.
Veja como foi a sabatina: