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“Em 2012, o Cid Gomes era o governador, então o poder de influência e força para transferir votos para o candidato era muito expressivo”, avalia a cientista política e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Monalisa Soares. “Eles estão apagados na campanha. Não há a imagem deles, não há menção ao nome deles”, prossegue.
Os irmãos têm se limitado a trabalhar nos bastidores e usam a imagem positiva do atual prefeito para tentar impulsionar Sarto na disputa. Roberto Cláudio, segundo pesquisa Ibope, tem aprovação de 66%. E, de fato, ele tem sido o principal cabo eleitoral de Sarto, ainda mais após o candidato ter testado positivo para a Covid-19 em 5 de outubro – ele chegou a ficar no hospital por quatro dias.
Sem poder fazer campanha presencial, Sarto contou com o prefeito, que tem comandado carreatas e eventos eleitorais do correligionário. Somente na quinta-feira (22), após deixar o hospital, o candidato retomou o corpo a corpo. “Eles não estão diretamente no comando dos governos. Então mobilizam muito a força do atual prefeito. Ele é quem está integralmente na campanha. Com a internação do Sarto, o Roberto Cláudio praticamente assumiu a campanha”, diz Monalisa.
Os materiais de campanha de Sarto nada têm explorado a imagem dos irmãos Cid e Ciro. De certa forma é uma precaução, especialmente após o Datafolha apontar que 53% dos entrevistados não votariam de jeito nenhum em um candidato apoiado por Ciro Gomes – apenas 15% afirmaram que a figura de Ciro os levariam a votar no candidato apoiado por ele.
Essa rejeição é particularmente curiosa porque Ciro Gomes foi o candidato a presidente em 2018 mais votado em Fortaleza. Naquele pleito ele abocanhou 40,13% dos votos – total de 546.488 eleitores –, ficando na frente de Jair Bolsonaro (sem partido, 34,38%) e Fernando Haddad (PT, 19,31%).
“Em dois anos, Ciro perdeu um capital político expressivo na capital. E nesse momento é difícil compreender o que é rejeição a ele e o que é rejeição ao grupo ou à continuidade política”, pondera Monalisa.
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Ao mesmo tempo em que usa a boa imagem do prefeito Roberto Cláudio, a candidatura de Sarto tenta se colar ao governador do Ceará, Camilo Santana (PT). Camilo foi alçado ao Executivo estadual em 2014, com forte apoio dos Ferreira Gomes que, inclusive, indicaram a vice Izolda Cela na chapa – em 2014, Izolda era do Pros e, em 2018, do PDT, partidos de Cid e Ciro Gomes em ambos os pleitos. Segundo o Ibope, 19% dos entrevistados consideram o governo do petista ótimo e outros 37% avaliam a gestão como boa.
A participação de Camilo, porém, é limitada, já que a disputa conta com uma candidatura forte do PT, a de Luizianne Lins. E é exatamente ela quem tem usado a imagem do governador para alavancar a campanha, o que até o momento tem funcionado.
E, apesar de estarem em espectros políticos mais próximos, PDT e PT não falam a mesma língua em Fortaleza desde 2012. Na eleição daquele ano, houve uma ruptura entre os petistas e os irmãos Ferreira Gomes. Apoiada por eles na reeleição em 2008, Luizianne não viu o mesmo tratamento no pleito seguinte, quando o candidato petista Elmano de Freitas foi preterido por uma candidatura própria do PSB encabeçada por Roberto Cláudio. O nome que os irmãos queriam no PT era o de Camilo Santana, eleito dois anos depois governador do estado.
“Em Fortaleza, o caso é prévio. Já existe essa ruptura desde 2012. Ela [Luizianne] nutre mágoas e ressentimentos políticos. A Luizianne e os Ferreira Gomes são hoje dissidentes entre si. A pauta PT e Ciro Gomes de 2018 só adensou algo que já era local”, observa a professora da UFC, lembrando o distanciamento entre Ciro Gomes e o candidato do PT, Fernando Haddad, alçado pelo ex-presidente Lula.
A eventual ida de Luizianne para o segundo turno deixaria o PDT e seus principais líderes sem o mínimo controle do poder na capital cearense. Por isso, mais do que nunca, os Ferreira Gomes devem avançar pelos bastidores para levar Sarto ao segundo turno.
“Eles podem ter sucesso porque têm muitos elementos que ajudam. A máquina da prefeitura e do governo do estado, por exemplo. E o Sarto é um político com muitas relações na Assembleia e com capacidade de reproduzir isso em sucesso eleitoral. Mas a imagem simbólica dos Ferreira Gomes deixou de ser um ativo”, completa Monalisa.
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