Mas faltava algo. Segundo Borriello, todos os benefícios oferecidos pela loja, como descontos, cupons e checkout digital, eram presos ao cartão próprio, o que acabava excluindo uma parcela dos consumidores que, por algum motivo, não tinham o a crédito. Agora, com a Conta Digital, estes clientes podem ir à loja, abrir sua conta e já recebem um cartão pré-pago, basta fazer um depósito na conta para começar utilizá-lo. “Com o cartão, você consegue fazer tudo que uma conta digital oferecida por banco faz: saques, transferências, depósitos. Tudo que um banco oferece. A diferença é que, por trás disso, temos uma rede com 350 lojas físicas, o que os bancos digitais não oferecem”, diz o CEO.

As compras feitas com o cartão são adas no débito, mas o cartão também pode ser utilizado para compras online, como um de crédito. Além das transações já citadas, também é possível gerar boletos, realizar recarga de celular e compra do bilhete único (cartão-transporte de São Paulo) pelo aplicativo Cartões Pernambucanas. Os saques podem ser feitos nos caixas da Rede 24 h, com cobrança de taxa a partir do terceiro saque, e também diretamente em uma loja Pernambucanas, sem custos. O mesmo vale para depósitos. Por mês, o valor de manutenção da conta é de R$ 4,99.

Borriello diz que a transformação digital que levou a todo este processo está além da empresa, mas nas pessoas. “Sempre tivemos como característica o relacionamento com a família brasileira. Não poderíamos deixar de oferecer mais este cuidado com nossos clientes”, afirma. Toda a gestão das contas e cartões é feita pela Pefisa, Financiadora da Pernambucanas que existe desde 1976, mas que Borriello acredita que hoje pode ser considerada uma fintech.

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Foco nos desbancarizados e nas classes C,D e E

Apesar de já terem a autorização do Banco Central para funcionarem como banco, os serviços que a Pernambucanas deseja oferecer estão em sintonia com o que os seus clientes buscam. Não está nos planos da rede operar com câmbio, por exemplo. Ou mesmo ter uma agência bancária. “Queremos oferecer os serviços bancários corriqueiros de um cliente comum. Pagar, receber, transferir. Mas nosso foco é o varejo”, conclui.

Mesmo sem o desejo, ao oferecer tais serviços estas varejistas acabam gerando um novo fluxo de caixa e, principalmente, de pessoas em suas lojas físicas. “O cliente que foi atrás só da conta digital, pode se tornar um cliente da loja em si. O foco destas redes tem sido, principalmente, os desbancarizados”, diz Ricardo Baccarat, especialista em Varejo Digital da AGR Consultores.

A facilidade para abertura de contas digitais é um grande diferencial para esta população, que muitas vezes se intimida com a burocracia da abertura de contas correntes tradicionais. “Eles concorrem principalmente nesta parcela da pessoas que os bancos não conseguem alcançar, que não é atendida”, completa.

Entre outros varejistas que também estão neste caminho, está a Renner, que em 2018 transformou sua subsidiária financeira em uma instituição independente, a Realize, e emite cartões de crédito em até quatro minutos. A Riachuelo também aguarda a autorização do Banco Central para transformar sua financeira Midway em banco.

E em maio deste ano, a Via Varejo, controladora da Casas Bahia que em junho ou para as mãos da família Klein, anunciou uma aliança com a fintech Airfox e criou a BanQi. A empresa, que quer ser o "banco"digital das classes C,D e E, lançou nesta quinta-feira (5) três novos produtos atrelados a parcerias que representam R$ 300 milhões em aportes da Via Varejo no negócio:

Natura se une ao Santander para ampliar vendas de consultoras

Com estratégia diferente, em março deste ano a Natura fechou parceria com o Santander e desenvolveu uma Conta Digital voltada para suas mais de um milhão de consultoras. A iniciativa faz parte do plano de revitalização e digitalização do modelo de negócios da marca de cosméticos, que quer contribuir para a bancarização e elevação de produtividade e renda das consultoras.

A conta digital da Natura pode ser ada pelo site da marca e pelo aplicativo desenvolvido para as consultoras. Além de um cartão pré-pago, a Conta Natura dá direito a saques, depósitos, transferências entre bancos, pagamento de contas, e uma maquininha portátil para pagamentos com cartão. A conta recebe diretamente as receitas de vendas feitas pelo site, Rede Natura, e pagas com a maquininha.

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As consultoras podem, ainda, contratar microcrédito a ser utilizado na compra de produtos Natura, visando estimulá-las a investir na expansão e profissionalização de sua atividade. “É mais uma atitude para empoderar as consultoras. Além disso, contribuímos para bancarizá-las e incluí-las socialmente”, afirma João Paulo Ferreira, presidente da Natura.

Do lado do Santander, coube oferecer de forma integrada e customizada três soluções do banco: a Superdigital, que é a conta digital do Santander, a SuperGet, maquininha de pagamentos da GetNet, e o Prospera Santander Microcrédito, programa privado de microcrédito produtivo sem necessidade de fiador ou grupo solidário.

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