Dados da Serasa Experian mostram que entre a reedição do Pronampe, em junho de 2021, e outubro do ano ado, o número de micro e pequenas empresas inadimplentes cresceu 8,8% chegando a 5,9 milhões. Duas em cada três empresas que pediram a recuperação judicial no ano ado são deste porte. 4d4u3q

Mudança de governo também afetou cenário de recuperações judiciais 1f4v6z

Também pesou a mudança de governo, em janeiro do ano ado. O sócio da consultoria diz que, em um cenário de empresas receosas, os bancos restringiram o crédito. A situação piorou com a Americanas entrando em recuperação judicial por causa de um rombo bilionário e com dívidas de R$ 48 bilhões.

“A questão da Americanas foi a cereja do bolo. Transbordou o copo e secou a liberação de crédito, complicando ainda mais o cenário”, afirma Gallegos.

O problema foi generalizado. Diante do custo financeiro elevado, muitas empresas não conseguiram desenvolver seus projetos. Os impactos foram sentidos até mesmo no capital de giro das empresas, utilizado para bancar o dia a dia das operações.

Os pedidos de recuperação judicial também aumentaram entre as grandes empresas. Eles aram de 91, em 2022, para 135, em 2023. A alta foi de 48,4%. Além da Americanas, outra emblemática foi a da 123 Milhas, também envolvida em um escândalo.

Proporção de empresas em recuperação judicial cresce iwd

Levantamento feito pela consultoria RGF Associados aponta que no fim do ano ado havia 4.045 empresas ativas de pequeno, médio e grande porte em recuperação, o equivalente a 1,85 em cada mil empresas ativas. No fim do terceiro trimestre essa proporção era menor: 1,79 por mil.

A alta ocorreu em quase todas as regiões do país. A exceção foi o Centro-Oeste, onde o índice caiu de 3,04 para 2,88 empresas em recuperação judicial a cada mil ativas. Mesmo assim, a região continua tendo o maior índice do país.

Os segmentos com maior número proporcional de empresas em recuperação judicial, no 4.º trimestre do ano ado, eram o de cultivo de cana-de-açúcar (29,8 por mil); construção de rodovias e ferrovias (15,3); fabricação de laticínios (14,6); transporte rodoviário coletivo de ageiros, com itinerário fixo, municipal (13,9) e fabricação de máquinas e equipamentos para agricultura e pecuária, exceto irrigação (11,6).

Dados da RGF apontam que as unidades da federação com maior número proporcional de empresas em recuperação judicial são Goiás (4,99 por mil); Alagoas (4,56); Pernambuco (4,04); Sergipe (3,46) e Rio Grande do Norte (3,40).

Cenário de recuperações judiciais continua complexo em 2024 652i7

O cenário para 2024 vai continuar complexo, especialmente no primeiro semestre, apontam os especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo. “Vamos continuar tendo números altos, em função dos problemas de falta de pagamento em alta registrada nos últimos dois anos. A inadimplência sobe de elevador e desce de escada”, diz Rabi, da Serasa Experian.

Um fator que pode contribuir para amenizar o problema é a retomada das negociações entre instituições financeiras e empresas. “Há uma retomada das conversas, mas elas costumam ser demoradas, levando de dois a três meses”, ressalta Gallegos.

A expectativa é de que os efeitos da retomada das conversas para renegociação de débitos, da redução dos juros e da inflação seja sentida na situação financeira das empresas no segundo semestre.

Até agora, o principal pedido de recuperação judicial de uma empresa brasileira em 2024 foi o da Gol, a segunda maior aérea do país em participação de mercado.

A companhia, que no terceiro trimestre tinha um ivo de R$ 33,3 bilhões e um patrimônio líquido (diferença entre o que tem e o que deve) de R$ 17 bilhões, fez o pedido nos Estados Unidos e não no Brasil. Ele foi aprovado pela Justiça americana e, agora, a companhia aérea está negociando suas dívidas, entre elas com arrendadoras de aeronaves (lessors).