Autoridades da Arábia Saudita consideram a possibilidade de adiar o IPO, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
O atentado à refinaria de Abqaiq interrompeu a produção de 5,7 milhões de barris diários de petróleo. No domingo, circularam informações de que a estatal planejava retomar um terço da produção até esta segunda-feira e normalizar a oferta nos próximos dias, com o uso de petróleo estocado e de outras instalações. Mas a refinaria em si sofreu graves danos e a retomada total das operações poderá exigir semanas, dizem as fontes.
A Saudi Aramco pretende lançar o IPO em duas partes, com a venda de uma fatia na bolsa local e, posteriormente, com uma listagem internacional de ações, afirmam as fontes.
Mesmo assim, os banqueiros pretendem cumprir seu cronograma de apresentar o acordo a analistas, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. A petrolífera estava considerava realizar apresentações na semana de 22 de setembro, informou a Bloomberg News.
Mas a magnitude dos ataques, reivindicados pelos rebeldes houthis apoiados pelo Irã no Iêmen, torna improváveis as chances de abertura de capital nos próximos meses, segundo uma fontes ouvidas pela Bloomberg.. A extensão de qualquer atraso dependeria de quanto tempo a Aramco leva para restaurar sua produção total, disse outra pessoa. Um porta-voz da Saudi Aramco não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário.
Os ataques à maior instalação de processamento de petróleo do mundo e ao segundo maior campo de petróleo do reino também correm o risco de reduzir a avaliação da Aramco, que o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman estimou em mais de US $ 2 trilhões, segundo analistas.
"Há 70% mais chances de atraso do IPO da Aramco se eles quiserem uma avaliação mais alta", disse Mohammed Ali Yasin, diretor de estratégia da Al Dhabi Capital em Abu Dhabi.
Os rebeldes houthis disseram na segunda-feira que as instalações de petróleo na Arábia Saudita permanecem entre seus alvos e que suas armas podem chegar a qualquer lugar do reino.
Os ataques são "uma preocupação para o IPO", disse Robin Mills, diretor executivo da consultora Qamar Energy, sediada em Dubai. "Será praticamente impossível prosseguir se houver ataques em andamento".
Há cerca de um ano, a Aramco cancelou inesperadamente os planos de realizar a IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês), quando o preço do petróleo estava em baixa, optando, em vez disso, por adquirir uma parte da Sabic, uma gigantesca fabricante de produtos químicos controlada pelo Fundo de Investimento Público saudita.
Qualquer chance de realizar a IPO perdeu força após o assassinato e esquartejamento de Jamal Khashoggi, um dissidente saudita e colunista do "The Washington Post" que desapareceu depois de entrar em um consulado saudita em Istambul, em outubro do ano ado. O príncipe herdeiro Mohammed foi indicado como mandante do crime por agentes de inteligência dos EUA e por uma investigação das Nações Unidas.
Mas o plano do IPO ganhou vida nova e, em agosto deste ano, o diretor financeiro da empresa disse aos investidores que estava preparado para a oferta inicial pública. A companhia já tinha aumentado a transparência e a clareza financeira para agradar aos investidores internacionais e o comentário do diretor financeiro de que a empresa está pronta para vender ações foi feito durante sua primeira comunicação de ganhos.
O interesse renovado em uma oferta pública inicial sugere que o príncipe herdeiro acredita que a enorme controvérsia em torno do assassinato de Khashoggi está ando e que pode, portanto, dar continuidade a seus planos.
A Aramco ainda precisa escolher onde a empresa negociará suas ações, o que representaria um enorme triunfo para qualquer bolsa de valores. Para a Aramco e para os sauditas, essa escolha é, sob muitos aspectos, a parte mais importante do processo da oferta inicial pública, de acordo com alguns observadores.
"Não se trata apenas dos resultados financeiros", afirmou David Buck, sócio do escritório de advocacia Sidley Austin, ao The New York Times. Os termos da oferta de ações, incluindo a escolha da bolsa de valores, serão "um comentário da Aramco sobre a própria empresa e o país".
A Aramco afirmou que gostaria de movimentar suas ações na Tadawul, a bolsa de valores da Arábia Saudita em Riad, e em algum mercado internacional. A bolsa de valores saudita tem reforçado seus recursos tecnológicos para lidar com o enorme volume de negócios que a abertura das ações da Aramco traria.
No momento, os olhos do mundo se voltam para onde a Aramco venderá suas ações fora do Oriente Médio. Mas a escolha também pode trazer algumas dificuldades para a empresa. Entre as principais bolsas de valores que desejam negociar as ações da Aramco estão:
Com informações da Bloomberg, The New York Times e Estadão Conteúdo