“Em uma aquisição de veículos, a economia com juros pode ser de mais de 20 salários mínimos para uma operação de R$ 50 mil”, informava a nota técnica publicada pela pasta em dezembro.

Marco das Garantias deve ajudar a reduzir spread bancário

Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo também apontam que o marco legal de garantias poderia contribuir para a redução do spread bancário.

Segundo o Banco Central, o spread médio era de 22,07 pontos percentuais em junho – o segundo maior desde agosto de 2017. Ele é mais alto para pessoas físicas (28,23 p.p.) do que para jurídicas (9,75 p.p.).

O Relatório de Economia Bancária do BC mostra que o spread, no ano ado, era composto por inadimplência (30%), despesas istrativas (26%), tributos e Fundo Garantidor do Crédito (22%) e margens das instituições financeiras (22%). Era o terceiro maior do mundo, atrás apenas do Zimbábue e de Madagascar, de acordo com levantamento do Banco Mundial.

“Custos elevados na recuperação de ativos e insegurança jurídica acabam contribuindo para elevar o spread bancário”, destaca Sílvio Campos Neto, economista e sócio da Tendências Consultoria.

Claudio Shikida, especialista do Instituto Millenium e professor do Ibmec Belo Horizonte, diz que o Marco Legal das Garantias vai ajudar na queda dos juros para a população sem que haja necessidade de abrir mão de uma política monetária responsável, que busque preservar o valor do dinheiro que o trabalhador tem no bolso.

O baixo nível de recuperação de garantias no Brasil também é um dos fatores que contribuem para o encarecimento dos juros, afirma Campos Neto, da Tendências.

Dados de 2020 do relatório “Doing Business”, do Banco Mundial, apontavam para uma taxa de recuperação de 18,2% dos ativos de uma empresa insolvente em um prazo de quatro anos. A média de recuperação na América Latina e Caribe era de 31,2% em um prazo de 2,9 anos. E nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), esse índice saltava para 70,2% em 1,7 ano, em média.

Marco também poderá acelerar queda nos juros para empresas e famílias

A aprovação do Marco Legal de Garantias também poderá servir como acelerador na queda dos juros cobrados de empresas e de famílias. O primeiro o foi dado com o início da redução na taxa Selic, que, segundo o economista-chefe da Porto Asset, José Pena, responde por um terço do total do custo de crédito.

Segundo o BC, a taxa média cobrada das empresas era de 23,07% ao ano em junho. Já das famílias, era de 59,09% ao ano. Mas linhas de crédito emergenciais costumam ser muito mais caras. É o caso do cheque especial, cuja taxa média estava em 133,57% ao ano, e do rotativo do cartão de crédito, com 437,25% ao ano.

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