As reformas, cuja tramitação está travada no Congresso, também têm um papel relevante no estímulo ao investimento. Elas ajudam a ancorar a dívida pública, cuja taxa em relação ao PIB está próxima dos 90%. E o câmbio seria menos impactado. 5n8

Carvalho aponta que elas são fundamentais na formação das expectativas. “O investimento depende da confiança no futuro da economia. Se não se sabe que a economia vai estar saudável, não há investimento.”

Além de diminuir o risco e a incerteza sobre o ambiente econômico, as reformas permitiriam, segundo especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, que o governo realizasse mais investimentos públicos, seja por exigência constitucional – na educação e na saúde -, seja em obras públicas.

Incertezas afetam setor de máquinas e equipamentos 2t4f2y

O cenário de incertezas foi um dos fatores que contribuiu para a baixa relação entre investimentos e vendas do segmento de máquinas e equipamentos. Esta proporção foi de 3,4% em 2020. Em 2007, era de 14,4%.

Segundo o presidente do Conselho de istração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Marchesan, aponta que a retração está relacionada à baixa demanda, ao cenário de incertezas e às taxas de juros que historicamente competem com os investimentos industriais.

“Mesmo o Brasil tendo saído da crise de 2015-16, quando o PIB recuou em média 3,4% ao ano, o desempenho de sua economia continuou fraco – crescimento médio ao redor de 1,5% a. a. – nos anos que se seguiram, portanto com elevada ociosidade nos fatores de produção, o que justifica parte da queda nos investimentos”, diz o dirigente empresarial.

Em síntese, segundo Renato Fonseca, da CNI, falta um bom ambiente macroeconômico. A falta de condições melhores volta e meia obriga o governo a dar uma travada na economia para impedir maiores problemas.

Investimento tem impactos de longo prazo 285w50

O economista aponta que a baixa taxa de poupança gera impactos de longo prazo. “Se quisermos que nossos netos consumam mais, temos de poupar mais.”

Outros problemas causados pela baixa poupança e pelo baixo investimento são a tendência ao aumento da pobreza e a perda de força e competitividade da economia. “Nos últimos dez anos, a indústria brasileira encolheu”, cita o economista da CNI.

Ele afirma que as empresas brasileiras vêm perdendo eficiência tecnológica. “É um problema causado pelas dificuldades que temos na educação. Temos dificuldade em aprender novas tecnologias.”

Não bastasse isso, o Brasil sofre com um sistema tributário que gera cumulatividade, é complexo, favorece as brigas entre governo e contribuintes, e penaliza os segmentos que agregam mais valor aos seus produtos e serviços.

A infraestrutura também é deficiente. Um estudo feito pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostra que o investimento público e privado em rodovias foi, no ano retrasado, o menor desde 2010. E a instabilidade jurídica é grande.