“Esse fato desencadeia uma série de protestos por todas as partes do mundo, inclusive no Brasil, onde se soma ao movimento de repúdio a práticas absolutistas, ditatoriais e antidemocráticas do chefe do Poder Executivo federal, senhor Jair Bolsonaro”, disse o vereador. “No domingo, 600 dos grandes juristas e pensadores brasileiros lançaram um manifesto contra os reiterados ataques ao Estado democrático de direito”, exemplificou.

O pedetista ainda criticou o projeto de lei 3019/2020, protocolado na segunda-feira (1º), que propõe alteração na Lei Antiterrorismo para tipificar os chamados grupos antifas (antifascistas) como organizações terroristas – a manifestação em Curitiba incluía a participação de autointitulados antifas. “Este é o retrato do desrespeito ao estado democrático, às instituições democráticas. Este é o retrato da intolerância e da força que assola o país.”

Defesa de Bolsonaro

O vereador Osias Moraes (Republicanos), vice-líder do prefeito na Câmara Municipal, utilizou seu tempo para um discurso que misturou o tema racismo com a defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Eu, que sou do Nordeste, natural de Manaus, no Amazonas [o estado, na verdade, fica na Região Norte], quando cheguei nesta capital fui sim vítima de racismo”, contou. “Não sou negro, mas fui vítima de racismo de um jornalista que disse que a igreja estava trocando um carioca por um nordestino.” Moraes é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus.

“Nordestino também é vítima de preconceito neste país; também é perseguido”, prosseguiu. “E eu não saí quebrando, não saí por aí tacando pedra na janela de ninguém, não saí por aí querendo matar as pessoas.” O parlamentar emendou uma crítica ao Supremo Tribunal Federal (STF), que, segundo ele, estaria tentando “criar uma narrativa” para incriminar o presidente da República. “Ele tem defendido a democracia”, disse.

Sobre a manifestação do dia 1º, ele se disse indignado. “Queimar a bandeira do Brasil em frente ao palácio do governador do estado é um crime contra um símbolo muito importante”, falou. “Vestidos de preto! Como vamos aceitar uma situação como essa? Não vimos até agora nas manifestações em que o povo se veste de verde e amarelo e vai apoiar seu presidente o quebra-quebra, a baderna.”

Críticas dentro da Constituição

Líder da oposição, a vereadora Professora Josete (PT) apoiou o discurso de Dalton Borba, argumentando que “todos temos de nos colocar a favor da democracia e do respeito às instituições do país”. “Críticas devem ser feitas, mas para isso temos nossa Constituição Federal e todos os caminhos legais para fazer as modificações que a população achar pertinente e necessária”, ponderou. “Aqui em Curitiba queremos garantir o respeito à instituição Câmara Municipal de Curitiba. Isso não significa que temos que concordar com tudo o que acontece aqui nem nos silenciar quando queremos fazer uma crítica. Mas essa crítica pode ser feita de uma maneira educada, digna e cidadã.”

Hino à Bandeira

O vereador Professor Euler (PSD) levou trechos do Hino à Bandeira para repudiar a queima do símbolo nacional ocorrida durante a manifestação. “Sobre a imensa nação brasileira, nos momentos de festa ou de dor, paira sempre a sagrada bandeira, pavilhão da justiça e do amor”, recitou, entre outros versos. “A gente vive realmente um momento de dor no Brasil, com a pandemia, a economia em frangalhos e a crise política. Justamente por isso, é neste momento que a gente deveria pautar nossas ações na justiça e no amor e não na violência e na destruição”, disse.

“Meu melhor amigo é negro”

Assim como Osias Moraes, Paulo Rink (PL) criticou os atos de vandalismo ocorridos durante o protesto de segunda-feira e aproveitou para defender Bolsonaro. “Até que momento vamos colocar a culpa dessa depredação no Bolsonaro? É uma ideologia de certa maneira idiota”, disse. Rink relativizou atos do presidente considerados contrários aos princípios do Estado democrático de direito. “Segundo o vereador Dalton Borba falou, os 600 juristas estão culpando o presidente por não respeitar a constituição. É não respeitar, mas ele não está quebrando nada”, comparou.

“Aquela pessoa que infelizmente faleceu nos Estados Unidos, que não venha a acontecer novamente”, prosseguiu. “A gente tem que combater o racismo, mas não com essa violência”. “Eu, que fui jogador de futebol; meu melhor amigo é um negro. É o Oséas. Ficamos conhecidos Brasil afora; mundo afora, juntos. Ligo para ele toda hora e falo ‘Negão, como você está? Tudo bem com você?’ E eu não estou sendo racista”, disse. “Eles me chamam de Alemão. Meu apelido na turma dos jogadores de futebol é Alemão e nem por isso eles estão sendo racistas comigo.” O parlamentar disse ainda não respeitar “quem quebrou nossa cidade”. “Tem que ter punição exemplar.”

Doentes

A vereadora Noemia Rocha (MDB) relacionou os atos de vandalismo à problemas de saúde mental. “Estamos vivendo uma crise política, uma crise sanitária, uma crise econômica, e as pessoas que já estavam adoecendo estão adoecendo muito mais”, explicou. “É possível que essas pessoas, esses infiltrados, estão realmente – quase que a gente pode afirmar – estão doentes. Só é possível isso.”

“Parabéns à PM”

Já depois de encerrado o Pequeno Expediente, o vereador Ezequias Barros (PMB) pediu a palavra para uma mensagem urgente à Câmara para fazer um agradecimento à Polícia Militar do Paraná (PM-PR) e ao Coronel Péricles de Mattos, comandante-geral da corporação. “Parabenizar a PM pelo trabalho e por não deixar que a coisa ficasse pior”, destacou. “E dizer que quem concorda com esse tipo de vandalismo não merece fazer parte desta Casa”, concluiu, sem deixar claro a quem se referia.

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