Apesar dessa avaliação sobre o atual momento, a Arquidiocese não informou sobre planos futuros para realizar alguma celebração diferenciada na Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
O vereador Renato Freitas, do PT, liderou uma invasão da Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Curitiba, no último dia 5 de fevereiro, durante uma missa. Dezenas de pessoas, com bandeiras do PT e do PCB, entraram à força no templo e começaram a gritar palavras como "racistas" e "fascistas".
O vereador Renato Freitas publicou uma nota confirmando ter feito o protesto em memória e por justiça pelas mortes de Moïse Mugenyi e Durval Teófilo Filho. De acordo com Freitas, durante a manifestação realizada em frente ao templo, "um diácono responsável pela igreja, solicitou que os manifestantes fossem para outro local, sob a justificativa de que o ato não deveria coincidir com a saída dos religiosos da missa que havia se encerrado".
Imagens da missa mostram o momento em que o padre Luiz Hass comenta com fiéis sobre a manifestação realizada em frente à igreja e também mostram quando o grupo entrou no templo. O protesto era realizado no Largo da Ordem, no centro da capital. O ato, porém, acabou culminando na invasão da igreja.
Sem atender aos pedidos do padre, que queria continuar a missa, Freitas fez um discurso dizendo, no meio do templo, que os católicos tinham apoiado um "policial que está no poder". Para ele, os assassinatos de Moïse e Durval teriam relação com a conivência das pessoas com fé católica a autoridades "fascistas".
De acordo com o artigo 208 do Código Penal brasileiro, escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso; ou ainda "impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso", como fizeram os manifestantes em Curitiba, são considerados crimes contra o sentimento religioso. A pena prevista é de detenção de um mês a um ano, ou ainda pagamento de multa. Quando há emprego de violência, a pena pode ser aumentada em um terço.
Na manhã de segunda-feira (7), a Arquidiocese de Curitiba divulgou uma nota oficial sobre o incidente, sem informar se irá processar os organizadores do ato. Assinada pelo arcebispo dom José Antonio Peruzzo, o texto considerou a ação dos manifestantes como "agressividades e ofensas". A nota ainda ressalta que "a posição da Arquidiocese de Curitiba é de repúdio ante a profanação injuriosa".
Os diretórios do Partido dos Trabalhadores do Paraná e de Curitiba divulgaram nota conjunta afirmando que o partido “não participou da decisão momentânea de adentrar o templo religioso, assim como não fazia parte da coordenação do ato”.
Uma onda de reações negativas à conduta do parlamentar se sucedeu à invasão. Pedidos de cassação do mandato de Freitas foram protocolados na Câmara Municipal de Curitiba. Quatro dessas representações foram itidas pela Mesa Diretora da casa. O processo agora será enviado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, para instauração de procedimento de investigação que pode resultar nas seguintes penalidades: censura pública; suspensão de prerrogativas regimentais; suspensão temporária; ou perda de mandato. Também há a possibilidade de arquivamento das representações.
O vereador pediu desculpas em sessão da Câmara na quarta-feira (9). “Algumas pessoas se sentiram profundamente ofendidas [pela manifestação contra o racismo ter adentrado à igreja] e a elas eu peço perdão, pois não foi, de fato, a intenção de magoar ou ofender o credo de ninguém, até porque eu mesmo sou cristão”, falou o petista.