Sara*, de 42 anos, é mãe de quatro crianças, e buscou a educação domiciliar para oferecer uma educação mais eficaz. Sua filha mais velha chegou a ir para a escola em dois momentos diferentes da vida, e um deles que despertou a Sara* para aprender mais sobre educação domiciliar. “Comecei a perceber que ao buscá-la na escola, no fim da tarde, ela estava com o rostinho inchado de tanto dormir. Pensei: ‘Isso não é certo! Pagamos a escola para que ela aprenda e interaja, mas ela está dormindo?’”, recorda.
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Dali em diante Sara* ou a estudar buscar mais informações, conheceu nomes como Carlos Nadalim e seus cursos de alfabetização em casa, e um novo mundo se abriu. Os avanços logo foram vistos na vida da menina. “Com 4 anos e meio ela já lia e escrevia alguma coisa”, diz.
E para aqueles que condenam a educação domiciliar por conta da suposta falta de convívio das crianças com outras pessoas, Sara* mostra que não é o que acontece. Os filhos dela têm uma interação perfeita com outras pessoas.
E isso vem do hábito de eles se reunirem pelo menos uma vez por semana com outros grupos, e pelo contato delas com outras gerações. “Eles interagem com adultos, crianças da mesma idade, idosos. Na escola o comum é que elas estejam apenas com crianças da mesma idade. Mas aqui, não”, exemplifica.
Rotina disciplinada e muito amor envolvido
Também mãe de quatro crianças, Gabriela*, de 30 anos, conta que a rotina é intensa, o que requer bastante diligência, mas é gratificante. “Há noites em que, ao invés de assistir a uma série ou ler um livro, fico organizando material, o marido encadernando e eu recortando”, diz. Mas o lema da família é: se há trabalho, precisa ser feito! E nesse caso não tem como culpar diretor, coordenador, professor, método ou apostila. “Somos nós os responsáveis por tudo isso. São muitas coisas que ninguém vê, detalhes do cotidiano mesmo. Mas é extremamente compensador”, reforça.
Aproveitar tudo isso em família e ensiná-los é um grande presente para Gabriela*. Ela, que é professora formada e pós-graduada, conheceu o homeschooling por intermédio de uma amiga que disse que a família da Gabriela* tinha o estilo perfeito para a prática.
Após entender melhor o assunto - as consequências jurídicas, os benefícios emocionais e acadêmicos – a decisão foi tomada. “Hoje educamos inteiramente em casa. Ensinamos como falar com gentileza, a olhar nos olhos, a respeitar o trabalho das pessoas. Chamamos amigos da igreja para fazer um bolo juntos e recebê-los, preparamos marmitas para as puérperas, cartas aos amigos que estão fazendo aniversário. São muitos os momentos em que aprendem sobre a vida e socializam”, afirma.
Regulamentação
O nome das mães foi omitido por questão de segurança. A educação domiciliar ainda não é regulamentada no Brasil e não conta com normas específicas, mas também não há uma lei que proíba ou criminalize a prática, de acordo com Diego Nascimento.
Ele explica que está em andamento na Comissão de Educação Senado Federal, sob relatoria da senadora Professora Dorinha (União Brasil), o PL 1338/22), que já foi aprovado na Câmara dos Deputados em 2022. “Aprovada a lei, ela regulamentará e trará a segurança jurídica necessária para as famílias educadoras, acabando com o medo de sofrer alguma perseguição por parte de agentes dos órgãos públicos do Estado”, finaliza ele.
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