O crescimento do índice de confiança em junho acompanhou também o avanço das vendas no varejo, de acordo com o boletim mais recente do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). O levantamento apurou um aumento de 21% em maio na comparação com o mesmo mês de 2020, com destaque para os bares e restaurantes.
Embora a análise de junho ainda esteja em apuração, o que se vê é um avanço gradativo desde março, quando o índice começou a recuperar as perdas acumuladas desde dezembro, quando a pandemia voltou a provocar o fechamento do comércio em parte do país. Pedro Lippi, head de inteligência da Cielo, explica que já se vê uma recuperação em breve do faturamento em níveis pré-pandêmicos.
“Em termos nominais, os resultados de maio deste ano mostram que estamos próximos do patamar registrado antes da pandemia, embora ainda cerca de 3% abaixo do observado em maio de 2019”, explica.
O aumento da confiança ajudou também na criação de empregos no setor, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No âmbito geral, foram cerca de 100 mil novas vagas, sendo pouco mais de 7 mil apenas no setor de alimentação.
Caixa comprometido
Enquanto o faturamento semelhante ao verificado antes da pandemia esteja próximo de ser reconquistado, o mesmo não se pode dizer do caixa dos empresários do setor. Dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) apontam que 73% dos estabelecimentos estão com dívidas de aluguem, impostos e empréstimos bancários corroendo os ganhos.
Paulo Solmucci, presidente da entidade, explica que estes negócios que conseguiram se manter em pé ainda terão de dois a cinco anos de trabalho para recuperar tudo o que foi perdido. Para ele, o setor pagou uma conta injusta e desproporcional.
“Os restaurantes brasileiros estão faturando hoje em torno de 60% a 80% do que seria normal”, analisa.
Ainda de acordo com o Sebrae, mesmo com o crescimento da confiança dos empresários, a expectativa de retomada plena dos negócios segue atrasada por conta da lenta campanha de vacinação. A entidade estima que a recuperação deve começar apenas por volta de 10 de novembro, quando 100% das pessoas com mais de 25 anos podem estar imunizadas.