As novas tecnologias ajudam na mudança de paradigma. Com sensores e imagens de satélites e de drones, por exemplo, já é possível direcionar as aplicações de inseticidas e herbicidas como se fossem remédio. “Você dá o remédio apenas para aquele doente, não precisa aplicar em toda a área, mas apenas na planta certa”, diz o diretor da SLC. 375ky
Num artigo científico que acaba de ser publicado, “Next Steps for Conservation Agriculture”, um grupo de cientistas (brasileiros, inglês e americano), alerta para o fato de haver ainda muitas definições de agricultura regenerativa ligadas a diferentes grupos de interesse. Eles defendem uma formulação científica chancelada por organismos internacionais. Dentre possíveis falhas no conceito, citam que o Rodale Institute, que cunhou originalmente a expressão, aponta a saúde do solo como o principal indicador, mas não menciona em nenhum momento a agricultura conservacionista ou o Sistema Plantio Direto, sem os quais, argumentam, a agricultura regenerativa não é sustentável.
O cientista brasileiro Pedro Luiz de Freitas, pesquisador da Embrapa Solos no Rio de Janeiro, e um dos autores do artigo, enfatiza que o Sistema Plantio Direto (SPD) deve permanecer como eixo principal. "Quando fala em regenerar, é regenerar o quê, cara-pálida? Tudo o que você faz na agricultura é voltado a melhorar as condições do solo para produzir melhor", resume. O SPD se baseia sobre o tripé de não revolver a terra, fazer rotação de culturas e manter cobertura permanente do solo. O próprio plantio de orgânicos fica comprometido em sua suposta sustentabilidade, quando o plantio direto não é respeitado, diz Freitas.
“Não posso chamar de agricultura orgânica quando a pessoa a o arado e joga fora a matéria orgânica. No momento em que você a um arado, uma grade pesada, um subsolador ou escarificador, metade da matéria orgânica vai embora em 24 horas. Se ar hoje, amanhã metade do carbono estocado vai embora”, sublinha.